domingo, 30 de abril de 2017

A leptina e os pontos de estagnação.







LEPTINA


Introdução:

A leptina é uma hormona peptídica com um peso molecular de
16 kDa, que apresenta uma estrutura terciária semelhante a alguns membros da família das citocinas. É produzida principalmente pelos adipócitos ou células gordurosas, sendo que sua concentração varia de acordo com a quantidade de tecido adiposo. O tecido adiposo branco é responsável pela maior parte da leptina produzida pelo organismo.

O nosso corpo, está sempre a tentar adaptar-se ao nosso consumo calórico ao regular o gasto de energia, o nosso apetite e o nosso metabolismo

O nosso tecido adiposo, é composto por células gordas que libertam leptina.
Estudos realizados á leptina, revelaram que  as células gordas são metabolicamente  ativas e que estas enviam  e recebem sinais do cérebro. 
As células gordas, libertam leptina em proporção ao seu tamanho.

Numa pessoa com um índice de gordura saudável e que consuma calorias para manutenção, a libertação de leptina é elevada.
O corpo, sente que existe gordura acumulada suficiente e, caso haja um jejum prolongado tem energia suficiente. Isto mantem um bom funcionamento do metabolismo, do gasto de energia e também diminui o apetite.

Quando começamos a perder gordura , as células gordas encolhem e os níveis de leptina começam a baixar.
A leptina envia um sinal  para o cérebro para que o corpo pare de gastar tanta energia ,para reduzir a velocidade do metabolismo e aumentar o apetite.
O corpo sente um estado de privação, e entra em modo de sobrevivência que é tudo o que o corpo quer, sobreviver.
É enviado um sinal  para o cérebro para aumentar o nosso apetite e procurar-mos comida.

Se baixarmos o nível de gasto de energia ,não necessitamos de tanta energia e o corpo não recorre as reservas de gordura.


Quando estamos a seguir um protocolo para perda de gordura, mais cedo ou mais tarde, chegará o momento em que vamos atingir um ponto de estagnação. 
A leptina, é  responsável por esta estagnação.
A leptina irá ajudar o corpo a lutar contra a restrição calórica e impede que queime gordura a uma velocidade eficiente.

É nesta altura que é preciso usar alguns truques, para estimular a libertação de leptina, elevarmos novamente o gasto de energia, acelerando o metabolismo para queimar gordura.

Para isso necessitamos introduzir na dieta, dias em que ingerimos uma quantidade maior de hidratos de carbono, conhecido como high carb day ,refeed , cheat meal ou cheat day.
Existe uma interpretação diferente para cada uma destas opções, que irei explicar mais á frente.

Ao consumir uma quantidade maior de hidratos de carbono, vamos restaurar os níveis de glicogénio nos músculos e de seguida, vamos começar a armazenar o excesso de glicogénio nas células gordas, através da lipogênese. As células gordas começam a crescer e a leptina começa a ser libertada novamente.
Mas atenção, penas queremos estimular as células a crescerem o suficiente, para estimular a libertação da leptina e é muito importante não estimular descontroladamente.

Isto deverá ser feito apenas, entre uma refeição e até dois dias.
Para algumas pessoas, uma refeição é o suficiente para se restaurarem, outras necessitam de meio dia, outras 1 dia e algumas pessoas até dois dias.

Assim que terminar o seu refeed, deve imediatamente voltar ao défice calórico. Não só vai queimar alguma da gordura adquirida no dia de refeed, mas também alguma gordura acumulada.
Se no dia do refeed ganhar peso não se assuste , é perfeitamente normal, verá que no dia seguinte ao refeed, terá perdido o que ganhou no dia do refeed e mais algum peso.


High Carb – Refeed – Cheat Meal – Cheat Day


High carb:

High carb essencialmente, é um dia em que ingerimos uma grande ou maior quantidade de hidratos de carbono, normalmente complexos. É a forma mais segura de fazer um refeed.

Refeed:

Refeed ao contrario de high carb consiste em consumir  hidratos de carbono juntamente com junk food ( comida lixo ).
O rácio normal é 50-50.

Cheat Meal:

Cheat meal é exatamente o que o nome diz. Uma vez por semana, escolhemos uma refeição e substituímos por uma refeição á base de junk food ( comida lixo ).
Pode ser hambúrgueres, pizza, gelado ou até uma feijoada.

Cheat Day:

Tal como o nome indica, é um dia em que normalmente não contabilizamos macronutrientes nem calorias, ou estipulamos apenas um volume grande de calorias.
O dia consiste basicamente em consumir tudo o que quisermos e conseguirmos.
Hambúrgueres, pizzas, gelado, bolos, bolachas etc..

Este truque, é o mais sensível de todas as opções, e é preciso ter muita atenção antes de decidir fazer. Eu pessoalmente, não aconselho a pessoas com índice de gordura corporal elevado, pessoas que tenham uma predisposição maior para acumular gordura e deve ser feito apenas quando for necessário.

Alguns culturistas fazem um cheat day semanal, onde chegam a atingir entre 15,000 a 20,000 calorias mas lembre-se, estamos a falar de indivíduos com mais de 100kg, com baixo índice de gordura corporal e geneticamente dotados.
É muito importante perceber qual das técnicas se adequa melhor ao seu corpo, ou á sua capacidade genética.

Eu pessoalmente prefiro fazer ciclos de hidratos de carbono, pois é a técnica a que o meu corpo responde melhor.
Esta técnica consiste em fazer 1 dia alto , 1 dia médio e 1 dia baixo.
Esta técnica foi muito impulsionada por Chris Aceto, o preparador do Jay Cutler e podemos ler sobre isto no seu livro Everything you need to know about fat loss...

Exemplo;

Se o meu dia alto for 150g o meu dia médio é de 100g e o meu dia baixo de 50g. Com base nestes números faço 1 dia alto , 1 dia médio e 1 dia baixo independentemente de ser dia de treino , dia de descanso ou dia de treinar um grupo muscular especifico.

No dia alto vamos recarregar os níveis de leptina.
No dia médio vamos ver alguns resultados na perda de gordura e impede também que os níveis de leptina baixem de imediato e no terceiro dia é quando obtemos grandes resultados por termos aumentado os níveis da leptina.

Consoante a evolução introduzo um cheat day, mas apenas quando realmente necessário. (é preciso saber ler / ouvir o corpo para perceber )

A escolha dos hidratos de carbono, também é um ponto importante. 
Se optarmos por fazer o refeed com monosacarídeos,
( açucares simples) vamos restaurar mais rapidamente os níveis de glicogénio e mais rapidamente começamos a acumular o excesso em gordura. Se optarmos por Polissacarídeos, ( hidratos complexos) o processo é mais lento e levará mais tempo até começarmos a acumular o excesso em gordura.


Lembre-se, a ideia é dar um passo atrás para depois dar dois á frente.


Um ponto muito importante, para que não haja uma má interpretação sobre a leptina.

Vamos imaginar uma pessoa com um índice de gordura corporal elevado. Quer isto dizer que é bom pois derivado a isso libertam bastante leptina?

Sim e não !

Numa pessoa com índice de gordura corporal elevado, as células gordas cresceram demasiado, como consequência produzem leptina em demasia  e isso cria uma resistência á leptina.
Isto impede que o cérebro receba sinal de que existe uma quantidade adequada de gordura armazenada (assumindo que existe uma quantidade reduzida), induzindo ao aumento do apetite.


Antes de introduzir refeeds á sua dieta, tem de perder alguma da gordura corporal acumulada.
Dependendo de caso para caso, eu aconselho pelo o menos 4 a 6 semanas de dieta rigorosa, antes de introduzir refeeds.

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